Data da publicação: 2008
Tempo de leitura: 23 minutos
Uma tribo é um grupo de pessoas conectadas umas às outras, a um líder e a uma ideia.
Um grupo precisa de apenas duas coisas para ser uma tribo: um interesse partilhado e uma forma de comunicar.
Tribos precisam de liderança. Pessoas querem conexão e crescimento e algo novo. Querem mudança.
Os Humanos não conseguem evitar: precisam de pertencer. Um dos nossos mecanismos de sobrevivência mais poderosos é pertencer a uma tribo, é contribuir (e receber de) para um grupo de pessoas que pensem da mesma forma que tu. Nós somos atraídos a líderes e às suas ideias, e não conseguimos resistir à ânsia de pertencer e à adrenalina do novo.
Algumas tribos estão presas. Elas abraçam o seu status quoe rejeitam qualquer membro que desafie a autoridade e a ordem imposta. Grandes obras de caridade, pequenos clubes, corporações com problemas – são tribos, e estas tribos estão presas. Não estou tão interessado nessas tribos. Estas criam pouco valor e são um bocado aborrecidas. Mas qualquer uma delas é apenas um movimento à espera de acontecer – um grupo de pessoas à espera de ter energia suficiente e de ser transformado.
Um movimento é excitante. É o trabalho de muitas pessoas, todas conectadas, todas à procura de algo melhor.
Líderes têm seguidores. Managers têm empregados.
Aqui está o que mudou: algumas pessoas admiram mais o novo e estiloso do que o estado provado das coisas. Mais vezes que não, estas pessoas focadas na moda são as pessoas que falam e que compram. Como resultado, novas maneiras de fazer as coisas, novos trabalhos, novas oportunidades e novas caras tornam-se muito importantes.
O marketing, o verbo, mudou o mercado. O mercado é muito menos impressionado com coisas normais ou pessoas, e muito menos impressionado com publicidade barulhenta e brilhante.
Hoje, o mercado quer mudança.
O Jack, um “restaurante ocasional” gerido por Danielle Sucher e Dave Turner em Brooklyn. Eles abrem o restaurante apenas umas vinte vezes por ano, nas noites de sábado. Por marcação. Vai online e consegues ver o menu antes de marcares. Depois, reservas e pagas se quiseres ir. Em vez de procurarem pessoas para os seus pratos, eles criam os pratos para as pessoas que lá vão. Em vez de servirem pessoas desconhecidas, eles fazem uma festa privada. Danielle é a colunista gastronómica para o popular site Gothamist, e ela e Dave gerem o blog culinário Habeas Brûlée. Isto significa que eles já interagem à partida com a tribo. Significa que quando o restaurante abre, torna-se a sede da tribo, o sítio para relaxar e comer com outros membros da tribo.
Líderes não se importam muito com estrutura organizacional ou a bênção de qualquer que seja a fábrica para quem trabalham. Eles usam a paixão e ideias para liderar as pessoas, em oposição ao uso de ameaças e burocracia para as gerir.
Há uma diferença entre dizer às pessoas o que fazer, e incitar um movimento. O movimento acontece quando as pessoas falam umas com as outras, quando as ideias se espalham numa comunidade, e acima de tudo, quando o apoio dos pares leva as pessoas a fazer o que elas sempre acharam ser o correto.
Grandes líderes criam movimentos ao empoderar a tribo a comunicar. Eles estabelecem as fundações nas quais as pessoas se conectam, em vez de comandar as pessoas a segui-los.
MELHORAR UMA TRIBO:
Só são precisas duas coisas para transformar um grupo de pessoas numa tribo:
-Interesse partilhado
-Uma forma de comunicar
A comunicação pode ser:
-Líder para tribo
-Tribo para líder
-Membro da tribo para membro da tribo
-Membro da tribo para pessoa de fora
Por isso um líder pode ajudar a aumentar a eficiência da tribo e dos seus membros ao:
-Transformar o interesse partilhado num objetivo apaixonado e num desejo pela mudança
-Providenciar ferramentas para que os membros da tribo possam melhorar a comunicação
-Permitir à tribo que cresça e ganhe novos membros
Na SxSW, Scott Beale estava cansado de esperar na fila para entrar na festa da Google, por isso ele andou rua fora, encontrou um bar vazio, juntou umas mesas nas traseiras e usou o Twitter para anunciar, “Alta Vista Party no Ginger Man”. Em poucos minutos, 8 pessoas apareceram. Depois 50, depois uma fila de espera na rua.
Organizações são mais importantes que nunca. É das fábricas que não precisamos.
As organizações dão-nos a capacidade de criar produtos complexos.
Elas oferecem o músculo e consistência necessária para levar os produtos ao mercado de forma segura. E mais importante, as organizações têm a escala para tratar de grandes tribos.
Organizações do futuro estão repletas de pessoas inteligentes, rápidas e flexíveis, numa missão. O problema é que isso requer liderança.
Nós escolhemos não ser marcantes por nos preocuparmos com as críticas. Estamos preocupados, lá no fundo, que alguém nos vá odiar e apontar-nos o dedo.
Observa algumas pessoas a ser criticadas por inovarem e vais facilmente convencer-te que te vai acontecer o mesmo se não tiveres cuidado.
Como é que posso criar algo se os críticos vão criticar?
Todos os grandes líderes são generosos – eles dão a possibilidade de crescimento à tribo.
A melhor forma de te fazeres ver é seres digno de uma estátua: ao ir para a frente de “combate”, ao marcar uma opinião, ao desafiar os padrões e ao levantares-te e falar.
É fácil hesitar quando confrontados com o sentimento de termos demasiada atenção sobre nós. Grandes líderes conseguem refletir a luz nas suas equipas, nas suas tribos. Grandes líderes não querem atenção, mas usam-na para unificar a tribo e reforçar o seu sentido de propósito.
Quando abusas da atenção, estás a retirar algo à tribo. Quando um chefe executivo age como um monarca egoísta, ele já não está a liderar. Está a tirar.
Mais aproximada:
A primeira coisa em que o líder se pode focar é em aproximar a tribo.
É tentador fazer da tribo maior, encontrar mais membros, espalhar a palavra. Isto desvanece, contudo, quando justaposta com os efeitos de uma tribo mais próxima. Uma tribo que comunica com mais rapidez, com vivacidade e emoção, é uma tribo que prospera.
Uma tribo mais próxima tem mais probabilidade de ouvir o líder, e mais probabilidade de coordenar as suas ações e ideias entre os membros da tribo.
Esta aproximação pode acontecer sem tecnologia, e pode acontecer sem motivos lucrativos. Keith Ferrazi lidera uma tribo de celebridades inteligentes e líderes de opinião – desde Meg Ryan ao Ben Zander – e lidera este grupo impossível de liderar apenas por aproximar a tribo. Ele introduz as pessoas. Ele convida-as para jantar. Ele encontra áreas de interesses em comum nas pessoas e depois sai do caminho.
É NO DESCONFORTO QUE O LIDER É NECESSÁRIO:
É desconfortável estar frente a frente com estranhos.
É desconfortável propor uma ideia que pode falhar.
É desconfortável desafiar o status quo.
É desconfortável resistir à vontade de assentar.
Quando identificas os desconfortos, encontras os sítios onde o líder é preciso.
Se não estás desconfortável no trabalho que fazes como líder, é quase certo que não estejas a atingir o teu potencial como líder.
SEGUIDORES/MICROLIDERANÇA:
Ovelhas cegas não fazem nada a não ser seguir instruções sem pensar. Elas não executam a liderança precisa para a interação dos membros da sua tribo. Elas não vão fazer um bom trabalho a recrutar membros. Evangelismo requere liderança.
As pessoas tentam ferozmente quando querem que algo mude. Esta microliderança é importante. São os micro líderes na frente de “batalha” e os seus seguidores entusiastas que fazem a diferença, não o chefe que gere o grupo de forma ostensiva.
Líderes trabalham muito para gerar movimentos que transformem um grupo numa tribo.
A postura de dar o corpo ao manifesto é rara e valiosa.
Quando estou à procura de contratar – eu crio um grupo privado de Facebook para os candidatos e convido-os a participar. 60 juntam-se ao grupo imediatamente. Não existe tribo ainda – apenas 60 estranhos. Em algumas horas, alguns tomaram a liderança, ao postar tópicos, a começar discussões, a mostrar-se e a liderar. Chamaram os colegas a contribuir e participar. E o resto? Apenas se esconderam.
Quem irias contratar?
Nem todas as lideranças requerem estar a dar a cara na frente da tribo. É preciso muito esforço também para sair da frente com sucesso. Jimmy Wales lidera a Wikipedia não ao incitar, mas ao permitir aos outros preencher os vazios.
O caminho que nunca resulta é o mais comum: não fazer nada de todo.
A diferença entre recuar e não fazer nada pode parecer subtil, mas não é. Um líder que recua está a assumir um compromisso ao poder da tribo, e fica alerta ao momento de voltar a avançar. Alguém que não está a afazer nada está meramente a esconder-se.
Liderança é uma escolha. É a escolha de fazer alguma coisa. Dar a cara, recuar, mas alguma coisa.
Os outros vão gozar e seguir em frente, questionando o porquê da obsessão. Mas isto é o que faz uma tribo. Existem os que fazem parte e os estranhos.
Curiosidade é a palavra-chave. Tem a ver com o desejo de compreender, desejo de tentar, um desejo de abrir qualquer envelope que seja interessante. Líderes são curiosos porque não podem esperar para saber o que o grupo vai fazer a seguir. As mudanças na tribo são o que é interessante, e a curiosidade é que os guia.
De forma a liderar uma tribo, a única coisa que precisas de fazer é motivar as pessoas que escolhem seguir-te.
MANTER AS COISAS PEQUENAS:
Imagina duas turmas com professores semelhantes. Um tem 15 alunos, o outro, 32. Qual das turmas recebe uma educação melhor? A turma pequena – porque o professor tem mais tempo para dedicar a cada aluno em específico. O professor tem menos alunos, e por isso, menos perturbações também.
Grandes líderes não tentam agradar a toda a gente. Grandes líderes não suavizam a mensagem que transmitem para conseguir atrair mais membros. Em vez disso, eles compreendem que uma tribo conectada e motivada num movimento é muito mais poderosa do que um grupo grande poderia ser.
Algumas tribos dão-se melhor quando são pequenas. Mais exclusivas. Mais difíceis de entrar. Algumas tribos prosperam precisamente por serem pequenas. Força uma dessas tribos a ficarem maiores e podes muito bem arruiná-la. “Já ninguém lá vai – é demasiado popular.”
Líderes que se propõem a dar são mais produtivos que líderes que se propõem a ter.
As tribos conseguem perceber do porquê de alguém querer a sua atenção.
FÉ VS RELIGIÃO
Se observares os miúdos a aprender dyno (escalar rochas) vais perceber que o segredo não é desenvolver músculos ou aprender certas técnicas. É meramente sobre desenvolver a fé que vai resultar. Sem fé, a escalada nunca funciona.
Existem inúmeras religiões na nossa vida. A religião da Broadway determina como é suposto ser um musical. A religião do MBA: currículo padrão e perceções sobre o sucesso.
A religião dá à nossa fé algum suporte quando precisa.
A religião no seu melhor é um tipo de mantra, um lembrete subtil, mas consistente que a crença é aceitável, e que a fé é a forma de chegar onde queres.
A religião no seu pior reforça o status quo, muitas vezes às custas da fé.
Ficar apegado, sem variações, a princípios impede-os de se tornarem experiências melhores.
Os hereges desafiam uma específica religião, mas fazem-no com uma base muito forte de fé. Para liderar, tens de desafiar o status quo da religião que te influencia.
Hereges bem-sucedidos criam a sua própria religião. Novo grupo de amigos, novos apoiantes, novos rituais.
Reconhece a necessidade de fé na tua ideia. Encontra a tribo que te pode apoiar e cria uma nova religião à volta da tua fé.
Quando te apaixonas por um sistema, perdes a habilidade de crescer.
STATUS QUO VS SER O PRIMEIRO:
Liderança quase sempre envolve pensar e agir como o menos favorito. Isso porque os líderes trabalham para mudar as coisas, e as pessoas que já estão a ganhar raramente tentam mudar.
Os líderes vão primeiro. Iniciar: vê algo que os outros estão a ignorar e trabalho logo nisso. Causa os acontecimentos aos quais os outros têm de reagir. Faz a mudança.
Toda a gente acredita que aquilo que têm no momento é melhor do que o risco e medo da mudança.
No início, a coisa nova raramente é melhor que a antiga. Se precisas que a alternativa seja melhor logo de início, nunca vais mudar. Em breve, a coisa nova vai ser melhor que a antiga. Mas se esperares demasiado até isso acontecer, vai ser muito tarde.
Isto não tem a ver com ter uma grande ideia. As grandes ideias estão lá fora, de graça, no teu bairro. Tem sim a ver com tomar a iniciativa e fazer as coisas acontecer.
Sair à rua primeiro e testar o terreno quase sempre recompensa.
Quando contratas pessoas incríveis e lhes dás liberdade, elas fazem coisas incríveis.
O maior passo vem de quem ensina ou contrata.
Abraça o comportamento oposto ao da ovelha. Recompensa-o e preza-o.
ELEMENTOS CHAVE DE MICRO-MOVIMENTOS
Publica um manifesto. Oferece-o e espalha-o de forma fácil. Não tem de ser impresso ou escrito. Mas é um mantra, um mote, uma forma de olhar o mundo. Unifica os membros da tribo e dá-lhes estrutura.
Facilita aos teus seguidores conectarem-se contigo. Pode ser tão simples quanto deixá-los visitar-te ou mandar-te um email, ou ver-te na TV. Ou pode ser rico e complexo como interagir contigo no Facebook ou Ning.
Facilita aos teus seguidores conectarem-se uns com os outros. Existe aquele acenar entre clientes regulares de um restaurante. Ou aquela bebida partilhada num lounge de um aeroporto. Ainda melhor é a camaradagem desenvolvida por voluntários numa campanha política ou trabalhadores envolvidos no lançamento de um produto. Grandes líderes fazem com que estas interações aconteçam
Compreende que o dinheiro não é o objetivo de um movimento. O dinheiro existe meramente para permitir esse movimento. No momento que tentas tirar dinheiro de um movimento, é quando paras o seu crescimento.
PRINCÍPIOS:
Transparência é mesmo a tua melhor opção. Qualquer tele-evangelista falhado aprendeu isto da pior forma. As pessoas que seguem alguém não são estúpidas. Podes cair no escândalo ou tédio. As pessoas cheiram subterfúgio a uma milha de distância.
O teu movimento tem de ser maior que tu. Um autor e o seu livro, por exemplo, não constituem um movimento. Mudar a forma de candidatura à Universidade, é.
Movimentos que crescem, prosperam. Todos os dias ficam melhores e mais poderosos. Vais chegar lá um dia. Não hipoteques o hoje porque estás com pressa.
Movimentos são mais claros quando comparados com o status quo ou a outros movimentos que trabalham noutra direção. Movimentos tem menos sucesso na comparação com outros com os mesmos objetivos. Em vez de lutares contra esses movimentos, junta-te a eles.
Exclui estranhos. A exclusão é uma força muito poderosa para a lealdade e a atenção. Quem não faz parte do movimento interessa tanto quanto quem faz.
Mandar os outros abaixo nunca é tão útil para um movimento quanto elevar os teus seguidores.
O staff do apoio ao cliente aparece, segue as regras do livro e trata todos os clientes da mesma forma, e depois não percebem porque são desrespeitados em troca.
Está disposto a estar errado. Percebe que errado não é fatal.
O segredo da liderança: pinta uma imagem do futuro, e vai para lá.
Não há problema em deixar a tribo que está parada, estabelecida, muito grande. Não há problema em dizer, “Não está a ir na direção que eu preciso de ir, e é impossível persuadir-vos a todos a seguir-me. Por isso, em vez de ficar aqui a ver as oportunidades a passar, eu vou partir. Aposto que alguns de vocês, os melhores de vocês, me vão seguir.”
Podes construir uma tribo maior, mais rápida, mais barata do que costumava ser possível. Custos de transação estão a baixar enquanto os custos de organizações formais (escritórios, benefícios, gestão) continuam a aumentar.
Muitas grandes organizações estão a ficar maiores como forma de lutar contra o poder das tribos. E esperam que a natureza formal da sua grandiosidade vá de alguma forma lutar contra a flexibilidade, rapidez e muitas vezes, poder livre das tribos. (Pouco provável).
Se ouvires a minha ideia, mas não acreditares nela, a culpa não é tua – é minha. Se és um aluno da minha turma e não aprendes o que estou a ensinar, fui eu que te desiludi.
É muito fácil insistir para as pessoas lerem o manual. É muito fácil culpar o utilizador/estudante/cliente por não tentar o suficiente, por ser demasiado estúpido para perceber, por não se importar em prestar atenção. É tentador culpar aqueles na tribo que não são bons a seguir-te como tu és a liderá-los. Mas nada disto é útil.
Se ninguém se importar, não tens tribo nenhuma. Se não te importas – real e profundamente – então não consegues liderar.
Líderes criam uma cultura em torno do seu objetivo e envolvem os outros nessa cultura.
As pessoas querem ter a certeza de que ouviste o que elas disseram.
Elas estão menos focadas em saber se fizeste ou não o que disseram. Ouve. Ouve mesmo. E depois decide e prossegue em frente.
Encontra uma pessoa de confiança e vende-lhe uma cópia. Gostou? Ficou entusiasmada? O suficiente para contar a 10 amigos porque os ajuda a eles, não a ti?
Tribos crescem quando as pessoas recrutam outras pessoas. É assim que as ideias se espalham bem. A tribo não o faz por ti claro. Fazem-nos uns pelos outros.
Uma grande parte da liderança é a capacidade de te agarrares ao teu sonho por muito tempo. Tempo suficiente para que os críticos saibam que lá vais chegar de uma forma ou de outra – e por isso seguem-te.
As pessoas não acreditam no que tu lhes dizes. Raramente acreditam no que lhes mostras. Muitas vezes acreditam no que os seus amigos lhes dizem. Acreditam sempre no que dizem a elas próprias. O que os líderes fazem: contam histórias às pessoas que elas podem contar a elas próprias. Histórias sobre o futuro, e sobre mudança.