Mistakes Were Made (But Not By Me), de Carol Tavris e Elliot Aronson

Título em inglês: Mistakes Were Made (But Not By Me) : Why We Justify Foolish Beliefs, Bad Decisions, and Hurtful Acts
Título em português: (não encontrado)
Nome do Autor: Carol Tavris, Elliot Aronson
A minha pontuação: 3/5
Data de publicação: 7 de maio de 2007

Tempo de leitura: 8 minutos

Dissonância Cognitiva

Dissonância cognitiva é um estado de tensão que ocorre quando uma pessoa tem duas cognições (ideias, atitudes, crenças, opiniões) que são psicologicamente inconsistentes, tal como “Fumar é uma coisa estúpida de se fazer porque pode matar-me” e “Eu fumo dois maços por dia.”

Um cão pode parecer arrependido por ser apanhado a urinar na carpete, mas não vai tentar pensar em justificações pelo seu mau comportamento. Humanos pensam; e porque pensamos, a teoria de dissonância demonstrou que o nosso comportamento vai além dos efeitos de recompensas e castigos e muitas vezes entra em contradição com eles.

Se a nova informação estiver em harmonia com as nossas crenças, nós pensamos que é bem estruturada e útil: “Tal como eu sempre disse!” Mas se a nova informação for dissonante, então consideramos essa informação como manipulada ou estúpida: “Que argumento estúpido!”

Quanto mais uma decisão custar, em termos de tempo, dinheiro, esforço ou inconveniência e quanto mais irrevogáveis as suas consequências forem, maior será a dissonância e maior será a necessidade de a reduzir ao enfatizar de forma exagerada as coisas boas sobre a escolha que foi feita.

Na verdade, décadas de pesquisa experimental descobriram exatamente o oposto: que quando pessoas desabafam aquilo que sentem de forma agressiva normalmente sentem-se pior, aumenta a sua pressão sanguínea e fazem-nas sentir ainda mais zangadas.

Felizmente, a teoria de dissonância também nos mostra como as ações generosas de uma pessoa podem criar uma espiral de benevolência e compaixão, um “círculo virtuoso”. Quando as pessoas fazem um bom ato, em particular quando o fazem do nada ou porque calhou, irão ver o beneficiário da sua generosidade de uma maneira melhor.

Orgulho e Preconceito, outros ângulos mortos

Nós consideramos o nosso próprio envolvimento num problema como uma fonte de rigor e esclarecimento— “Eu tenho uma opinião forte sobre o controlo de armas há anos; por isso, eu sei aquilo de que estou a falar”— mas nós consideramos sentimentos pessoais como esses vindos da parte de outros com perspetivas diferentes como uma fonte de preconceito— “Ela não pode ser imparcial sobre controlo de armas porque tem uma opinião forte sobre o assunto há anos.”

Tradução: Não fui eu, foi a bebida. Boa tentativa, mas as provas demonstram de forma clara que, apesar de a embriaguez facilitar as pessoas a revelarem os seus preconceitos, não coloca essas atitudes nas suas mentes. Portanto, quando as pessoas pedem desculpa ao dizer “Eu não acredito de verdade naquilo que disse; eu estava cansado/ preocupado/ zangado/ bêbado”— ou, como Al Campanis o colocou, “apagado”— nós podemos ter bastante certeza de que verdadeiramente acreditam naquilo que disseram.

Nós precisamos de alguns pessimistas com credibilidade nas nossas vidas, críticos que estão dispostos a furar a nossa bolha protetora de auto-justificações e que nos puxam de volta à realidade se nos estivermos a desviar demasiado. Isto é especialmente importante para pessoas em posições de poder.

A Memória, a Historiadora da Autojustificação

Esta pequena história ilustra três coisas importantes sobre a memória: o quão desorientador é perceber que uma memória vívida, cheia de emoção e detalhe, está errada de forma indiscutível; que apesar de estares absolutamente, positivamente seguro de que uma memória está certa não significa que o seja; e como erros de memória apoiam os nossos sentimentos e crenças atuais.

Memórias falsas permitem que nos perdoemos e justifiquemos os nossos erros, mas às vezes com um custo alto: uma incapacidade de tomar responsabilidade pelas nossas vidas.

Boas Intenções, Má Ciência

Mas espera— será que os golfinhos se apercebem de que os humanos não nadam tão bem como eles? Será que eles estão na verdade a tentar ajudar? Para responder a essa pergunta, nós precisaríamos de saber quantos marinheiros naufragados foram empurrados de forma gentil até mais longe da costa por golfinhos, empurrados até aí para se afogarem e nunca mais ninguém ouvir deles. Nós não sabemos sobre esses casos, porque os nadadores não sobrevivem para nos contar sobre as suas experiências com golfinhos maus. Se tivéssemos essa informação, poderíamos concluir que os golfinhos não são benevolentes nem maus; só estão a ser brincalhões.

Acontecimentos verdadeiramente traumáticos— aterrorizantes, experiências de vida ou morte— nunca são esquecidos, muito menos se se repetirem.” diz McNally. “O princípio básico é: se o abuso foi traumático na altura em que aconteceu, muito dificilmente será esquecido. Se foi esquecido, então não é provável que tenha sido traumático. E mesmo se foi esquecido, não existem provas de que foi bloqueado, reprimido, selado por detrás de uma barreira mental, não acessível.”

Assassino de Amor – Autojustificação no Casamento

Benjamin Franklin, que aconselhou, “Mantenha os olhos bem abertos antes do casamento e meio fechados depois” percebeu o poder da dissonância em relações. Os casais primeiro justificam as suas razões para estarem juntos e depois para permanecerem juntos.

Do nosso ponto de vista, portanto, mal-entendidos, conflitos, diferenças de personalidade e até brigas com raiva não são os assassinos do amor; autojustificação é.

O ponto de viragem no qual um casal começa a reescrever a sua história de amor, Gottman descobriu, é quando o “rácio mágico” fica abaixo de 5 para 1: Casais com sucesso têm um rácio de 5 vezes mais interações positivas (tais como expressões de amor, afeto e humor) do que negativas (tais como expressões de irritação ou queixas).

Deixar Passar e Assumir Responsabilidade

Dweck tem andado a mudar as atitudes dos seus estudantes no que toca à aprendizagem e ao erro há anos, e a sua intervenção é surpreendentemente simples: Ela ensina tanto a crianças da primária como a universitários que a inteligência não é um atributo fixo com o qual já nascem como a cor dos olhos, mas sim um talento, como andar de bicicleta que pode ser moldado através de trabalho duro. Esta lição é muitas vezes incrível para crianças Americanas que têm ouvido durante anos que a inteligência é algo inato. Quando eles aceitam a mensagem de Dweck, a sua motivação aumenta, eles atingem melhores notas, eles desfrutam mais do estudo e não se culpabilizam quando sofrem contratempos.

A moral da nossa história é fácil de dizer e difícil de executar. Quando fizeres asneira, tenta dizer isto: “Eu cometi um erro. Preciso de perceber o que correu mal. Não quero cometer o mesmo erro outra vez.” A pesquisa de Dweck é inspiradora porque sugere que em todas as idades, pessoas podem aprender a ver erros não como terríveis falhas pessoais que devem ser negadas ou justificadas, mas como aspetos inevitáveis da vida que nos ajudam a crescer.

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