It Doesn’t Have to be Crazy at Work, de Jason Fried e David Hansson

Título em inglês: It Doesn’t Have to be Crazy at Work
Título em português: (não encontrado)
Nome do Autor: Jason Fried, David Heinemeier Hansson
A minha pontuação:
Data de publicação: 2 de outubro de 2018

Tempo de leitura: 14 minutos

Exaustão constante não é uma medalha de honra, é uma marca de estupidez.

Produto

Sim, as coisas que fazes são produtos (ou serviços), mas a tua empresa é o que faz essas coisas. É por isso que a tua empresa deve ser o teu melhor produto.

Quando pensas na empresa como um produto, colocas várias questões: as pessoas que trabalham aqui sabem como usar a empresa? É simples? Complexo? A maneira como trabalha é óbvia? No que é que é rápida? No que é que é lenta? Existem bugs? O que é que está partido, mas podemos arranjar e o que é que vai demorar muito tempo a arranjar?

As pessoas muitas vezes põem o número da versão no fim do software. “Isto é o iOS 10.1, 10.2, 10.5, 11, etc. “Nós pensamos sobre a nossa empresa da mesma maneira. A Basecamp, LLC de hoje é tipo a versão 50.3 da Basecamp, LLC.

No final de contas, preferias ganhar um concurso imaginário ao atirar areia para a cara dos teus rivais ou ao simplesmente esqueceres-te deles e fazeres o melhor produto que conseguires?

Objetivos

Não criamos objetivos. De todo. Não há objetivos de número de clientes, de vendas, de retenção, de rendimento, de lucratividade específica (além de ter lucro). A sério.

Objetivos são falsos. Quase todos são alvos artificiais que são criados apenas por criar. Estes números inventados depois funcionam como uma fonte desnecessária de stress até serem alcançados ou abandonados.

Não precisas de algo falso para fazer algo real. E se tiveres de ter um objetivo, que tal apenas ficar aberto? Ou servir bem os clientes? Ou ser um ótimo lugar para trabalhar? Só porque estes objetivos são mais difíceis de quantificar não os faz ser menos importantes.

Seleção

Se não conseguires encaixar tudo o que queres fazer em 40 horas por semana, tens de melhorar no que toca ao escolher o que fazer, não trabalhar mais horas. Grande parte daquilo que pensamos que temos de fazer, não temos mesmo de fazer. É uma escolha, e normalmente uma má escolha.

Reuniões tendem a dividir o tempo em “antes” e “depois.” Livra-te destas reuniões e as pessoas de repente têm um bom pedaço de tempo para se dedicarem ao seu trabalho.

O problema surge quando tornas demasiado fácil — e sempre aceitável — colocar qualquer questão assim que vem à cabeça. Grande parte das questões não são assim tão urgentes, mas a vontade de perguntar ao perito de imediato é irresistível.
Por isso pedimos emprestada uma ideia ao mundo académico: horas de escritório. Todos os peritos em matérias na Basecamp agora têm horas de escritório.

“Mas como é que sabes se alguém está a trabalhar se não os consegues ver?” A mesma resposta como para esta questão: “Como é que sabes se alguém está a trabalhar se os consegues ver?” Não sabes. A única maneira de saber se o trabalho está a ser feito é ao analisar o trabalho em questão.

Experimenta. Diz algo, e depois volta ao trabalho. Não esperes por nada. Irás receber uma resposta quando a outra pessoa estiver livre e pronta a responder. E se alguém não te responder rapidamente, não é porque te estão a ignorar — provavelmente é porque estão a trabalhar. Não tens outro trabalho a fazer enquanto esperas?

Famílias

As melhores empresas não são famílias. São suportes de famílias. Aliados de famílias. Estão lá para proporcionar ambientes de trabalho saudáveis e gratificantes para que quando os trabalhadores fechem os seus portáteis a uma hora razoável, sejam os melhores maridos, mulheres, pais, irmãos e filhos que possam ser.

Não podes promover as virtudes de horas razoáveis, muito descanso e um estilo de vida saudável junto dos empregados, com credibilidade, se estiveres a fazer o oposto como chefe. Quando a pessoa no topo investe muitas horas, o resto do grupo tem tendência a seguir. Não importa o que tu dizes, importa aquilo que fazes.

Questões

Se o chefe realmente quer saber aquilo que se passa, a resposta é embaraçosamente óbvia: eles têm que perguntar! Não questões vagas, auto congratulatórias do tipo “O que é que podemos fazer ainda melhor?” mas sim perguntas difíceis como “O que é algo de que ninguém se atreve a falar?” ou “Tens medo de alguma coisa no trabalho?” ou “Existe alguma coisa em que trabalhaste recentemente que gostavas de fazer de novo?” ou ainda perguntas mais específicas do tipo “O que achas que podíamos ter feito de diferente para ajudar a Jane a ter sucesso?” ou “Que conselho darias antes de começarmos a trabalhar no grande projeto de redesenhar o website?”

Declarar que uma tarefa não familiar irá dar frutos fáceis é quase sempre uma confissão de que tens pouco conhecimento sobre o que estás a tentar fazer. E qualquer estimativa de quanto trabalho irá ser preciso para fazer algo que nunca tentaste antes irá provavelmente estar errada por magnitudes.

Funcionários

Nós avaliamos novos funcionários numa escala que vai desde programador júnior, a programador, a programador sénior, a programador líder, a programador principal (ou designer ou apoio ao cliente ou ops ou qualquer outro lugar para o qual estejamos a contratar). Nós usamos a mesma escala para avaliar quando alguém está nas opções para ser promovido. Todos os empregados, novos ou velhos, encaixam num nível da escala e há um salário atribuído a cada nível por função.

Uma vez por ano nós revemos os indicadores do mercado e damos aumentos automaticamente. O nosso objetivo é pagar a toda a gente da nossa empresa o top 10 porcento do mercado independentemente da sua função.

Os nossos indicadores do mercado são baseados nos números de São Francisco apesar de não termos um único empregado lá. São Francisco é simplesmente a cidade que paga mais no mundo no que toca à nossa indústria. Por isso, não importa onde escolhas viver, nós pagamos os mesmos salários de topo.

Bónus e benefícios

(Nós costumávamos dar bónus há muitos anos atrás, mas descobrimos que rapidamente eram tratados como salário garantido. Por isso se alguma vez diminuíssem, as pessoas sentiam-se como se tivessem sido despromovidas.)

Também pusemos em andamento, recentemente, um novo esquema de partilha de crescimento de lucros. Se o lucro total subir de ano para ano, iremos distribuir 25 porcento desse crescimento pelos empregados nesse ano. Isto não está relacionado com a função na empresa, não está relacionado com a performance individual e visto que não temos pessoal de vendas, não é uma comissão. Toda a gente partilha ou ninguém o recebe.

Aqui está uma lista de benefícios “fora do escritório” relevantes que oferecemos a todos os empregados, independentemente da posição ou salário:
-Férias completamente pagas todos os anos para toda a gente que está na empresa há mais de um ano. Não apenas o tempo de férias, mas as férias por completo — bilhete de avião, as acomodações do hotel — até $5.000 por pessoa ou família.
-Fins-de-semana de três dias todo o verão. De Maio a Setembro apenas trabalhamos 32 horas por semana. Isto permite a toda a gente tirar sexta-feira como folga, ou segunda-feira, para que possam ter um fim-de-semana de três dias, todos os fins-de-semana, durante todo o verão.
-Sabáticos de 30 dias, pagos, a cada três anos. As pessoas podem passá-los em casa sem fazer nada, a aprender intensamente uma nova habilidade, ou a fazer caminhadas nos Himalaias. O que eles quiserem.
-$1.000 por ano de bolsa para continuarem a educação. Isto não é para aprender uma habilidade que as pessoas possam usar no trabalho — é tudo fora do trabalho. Queres aprender a tocar o banjo? Fica por nossa conta. Queres aprender a cozinhar? Fica por nossa conta. Nenhuma destas coisas tem a ver com o trabalho na Basecamp — todas estão relacionadas com o encorajar as pessoas a fazerem coisas que sempre quiseram fazer, mas precisavam de um pouco de encorajamento e de ajuda para fazer acontecer.
-$2,000 por ano para igualar donações. Doa a uma caridade da tua escolha até $2.000 e nós iremos igualar até $2.000.
-Uma partilha local da agricultura sustentada pela comunidade (ASC) mensal. Isto significa vegetais e fruta fresca em casa para as pessoas e a sua família.
-Uma massagem mensal num spa, não no escritório.
-Um abono de $100 mensais para fitness. Basicamente pagamos pela filiação no clube de saúde, aulas de yoga, sapatilhas de corrida, registos em corridas das pessoas, ou o que quer que eles façam para se manterem saudáveis no dia-a-dia.

Tempo fora do escritório

Não há um único benefício cujo alvo seja manter as pessoas presas no escritório. Não há um único benefício que faz com que alguém prefira ficar no trabalho do que em casa. Não há um único benefício que ponha o trabalho à frente da vida.

A Basecamp oferece três semanas de férias pagas, alguns dias extra pessoais para usares à tua discrição e os feriados nacionais todos os anos. Isto é uma guia, por isso se precisares de alguns dias extra, não há problema. Nós não acompanhamos os dias em que não trabalhas, nós usamos um sistema de honra. Apenas certifica-te de que verificas com a tua equipa antes de saíres por um período de tempo alargado, para que não sejam deixados desamparados.”

Orçamentos

Mas acontece que as pessoas até são bastante boas a definir e a gastar orçamentos. Se dissermos a uma equipa que têm seis semanas para criarem uma ótima funcionalidade de calendário na Basecamp, terão uma maior probabilidade de produzir um ótimo trabalho do que se lhes perguntarmos quanto tempo é que demoram a criar esta funcionalidade de calendário específica e depois partirem as costas de tanto trabalhar para que seja entregue a tempo.

Se fizeres uma coisa a 100 porcento, gastaste 100 porcento para obter essa única coisa. Se gastares 20 porcento em fazer cinco coisas a 80 porcento, bem, então fizeste cinco coisas! Iremos quase sempre aceitar essa troca.

Equipas

Quase todo o trabalho em produção na Basecamp é feito por equipas de três pessoas. É o nosso número mágico. Uma equipa de três é normalmente composta por dois programadores e um designer. E se não forem três, é um ou dois, em vez de serem quatro ou cinco. Não atiramos mais pessoas aos problemas, nós dividimos os problemas até que possam ser carregados através da meta por equipas de três.

Startups

Startups são fáceis, stayups são difíceis. Manter o espetáculo em exibição a longo termo é muito mais difícil do que andar em palco pela primeira vez. No primeiro dia, todas as startups no mundo estão em negócio. No dia mil, apenas uma fração permanece de pé. Isso é a realidade. Por isso prepara-te. Não te canses cedo a pensar que a parte difícil já passou.

Quando lidas com pessoas que têm problemas, ou podes escolher levar o símbolo que diz “Não é um problema” ou o símbolo que diz “É o fim do mundo.” Qualquer que seja o símbolo que escolhas, eles vão levar o outro.

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