Titulo do livro em EN: Mindwise: How We Understand What Others Think, Believe, Feel, and Want
Titulo do livro em PT: (não encontrado)
Nome do Autor: Nicholas Epley
Link para livro: https://www.goodreads.com/book/show/18007504-mindwise?
A minha pontuação: 2/5
Data da publicação: 2014
Tempo de leitura: 22 minutos
“A única verdadeira viagem de descoberta, a única fonte da juventude eterna, seria não visitar terras estranhas, mas possuir outros olhos para ver através dos olhos de outro.” – Marcel Proust
Meditações
A maior habilidade do cérebro é pensar acerca da mente de outros de forma a melhor os perceber.
Mais tempo juntos não faz dos casais mais precisos/corretos; apenas lhes dá a ilusão de que estavam mais precisos.
Comparado com as capacidades mentais de outras espécies neste planeta, o nosso sexto sentido é o que realmente torna o nosso cérebro super poderoso. O problema é que a confiança que temos neste sentido ultrapassa a nossa real capacidade, e a confiança que temos no nosso discernimento raramente nos dá uma boa estimativa do quão precisos realmente estamos. O objetivo principal deste livro é reduzir a ilusão de discernimento sobre a mente de outros, igualmente ao tentar melhorar a compreensão como ao induzir um maior sentido de humildade sobre o que se sabe – e não se sabe – sobre os outros.
Descartes estava tão certo acerca da sua habilidade introspetiva que apostou a sua existência, e a de Deus, com a famosa frase “Eu penso, logo eu sou” (“Eu penso, logo eu existo”).
Cérebro e imaginação
Pessoas que imaginam que ao ver um exemplo flagrante de sexismo ficam indignadas. Quando essas pessoas de facto vêm o ato, na realidade, virtualmente não sentem quase raiva nenhuma. Será que as pessoas conhecem mesmo a sua mente?
Está conscientemente ciente dos produtos acabados do teu cérebro – atitudes conscienciosas, crenças, intenções, e sentimentos – mas não estás ciente do processo que o cérebro teve para construir os produtos finais, e, portanto, és incapaz de reconhecer os erros.
Perceção de si próprio
Em cada um de nós existe um outro que não conhecemos.
As pessoas tendem a selecionar imagens atrativamente melhoradas de elas próprias, pensando serem mais atraentes do que realmente são. Isto é a razão do porque as fotos de ti próprio te parecerem tão más.
Quando não se sabe os factos reais sobre si próprio, a consciência cria uma história convincente, da mesma forma que o faz quando se tenta ler as mentes de outros, de modo a que as suas ações façam sentido.
Clientes e comportamento
De início foi mostrado aos consumidores (clientes?) quatro pares de meias e foi pedido para escolherem a que achassem que fosse melhor. Na realidade, as meias eram todas idênticas. Os pesquisadores descobriram que a ordem de exposição era importante: Os consumidores preferiram as meias da extrema direita (as últimas a serem avaliadas) quatro vezes mais do que as que estavam na extrema esquerda (a que foram avaliadas primeiro).
Já nenhum psicólogo pede as pessoas para explicarem as causas dos seus pensamentos ou comportamentos, a menos que esteja interessado em compreender a narrativa.
Confiança
Se vires alguém curvado para a frente, assumes que essa pessoa não se sente muito orgulhosa. Se te encontrares da mesma forma, mesmo que seja ao preencheres um questionário que está numa mesa com pernas curtas, poderás estar a relatar que estás menos orgulhoso de ti mesmo e dos teus feitos.
A ilusão de que conhecemos a nossa mente mais profundamente do que na realidade conhecemos tem uma consequência perturbante: pode fazer parecer que a nossa mente é superior à mente de outros.
Ilusão
Realismo ingénuo: o sentido intuitivo de que vemos o mundo lá fora como na realidade é, ao invés do que aparenta ser da nossa perspetiva.
Se a ilusão que se mantém sobre o nosso próprio cérebro leva à crença de que se vê o mundo como realmente é, ao encontrar outros que veem o mundo de outra forma, eles é que são tendenciosos, distorcidos, desinformados, ignorantes, não razoáveis, ou maus (maliciosos).
Os outros
O pior pecado contra as restantes criaturas não é odiá-las, mas ser indiferente para com elas.
Europeus desde o tempo do antigos Gregos que veem aqueles que vivem em culturas relativamente primitivas como deficientes mentais em uma das duas maneiras: ou têm falta de autocontrolo e emoções, como um animal, ou têm falta de raciocínio e intelecto, como uma criança.
Pode ser fácil de esquecer que outras pessoas têm mentes com as mesmas capacidades comuns e experiências.
Distância mantém o sexto sentido desligado (não ativo).
A capacidade de compreender as mentes dos outros pode ser desencadeada pelos sentidos físicos.
Pensamentos
Senta-te direito e sentir-te-ás mais orgulhoso dos teus feitos.
Engelha a tua testa, como se estivesses a pensar mais, e isso leva-te realmente a pensar mais.
Botox embrutece os teus sentidos sociais juntamente com as tuas rugas.
O Córtex pré-frontal medial (CPFM) está envolvido na conclusão feita sobre as mentes de outros. CPFM está mais ativo quando pensas em ti, nos teus amigos próximos e família, e em outros que têm convicções semelhantes. É ativado quando te preocupas o suficiente para te preocupares com o que outros estão a pensar, e não quando és indiferente.
Universalidade
Uma tendência universal de assumir que a mente dos outros é menos sofisticada e mais superficial que a nossa.
Ubuntu: “uma pessoa é uma pessoa através de outras pessoas”. A humanidade provém da maneira que se trata os outros, e não da maneira que nos comportamos em isolação.
Reconheces motivações intrínsecas mais facilmente em ti do que noutros.
Olhar nos olhos
Trata os trabalhadores com respeito, encorajando-os a pensar de forma independente, permite-lhes que tomem decisões, fá-los sentir ligados a um esforço importante.
Parei de olhar fixamente em branco e em vez disso olhei diretamente nos olhos de um dos rapazes, sorri e acenei. Foi como ligar um interruptor dentro dele. De repente já não era um estrangeiro; era um ser humano. Ele mudou para um sorriso de olhos arregalados e fez um grande aceno.
Mente
Envolve a mente de outros de forma mais rotineira ao invés de tratar os que estão a tua volta como objetos sem mente.
Atribuir uma mente a um agente não humano é o processo inverso, de falhar em atribuir uma mente a outra pessoa.
Demasiado rápido ou lento e o robot nestas experiências foi reconhecido como uma máquina sem mente, mas à velocidade certa, mais perto da velocidade humana, o robot pareceu ter uma mente. Começou a parecer que talvez pensasse ou planeasse ou sentisse algo.
O conceito de mente pode explicar o comportamento de quase tudo.
Conhecimento
Crenças religiosas são intuitivamente convincentes porque ter uma mente é uma explicação intuitiva para o comportamento de quase tudo.
Crianças urbanas têm mais tendência para antropomorfizar os animais tais como vacas, porcos e renas do que crianças rurais. Porquê? Porque crianças de um meio rural têm mais probabilidade de ter um conhecimento consideravelmente maior sobre estes animais, conhecimento adquirido através de experiência direta.
Um homem de um lado de um rio grita para um homem do outro lado, “Ei, como é que passo para o outro lado?”. O outro homem responde “tu estás do outro lado”.
As pessoas são insanamente conscientes de si mesmas. As pessoas agem como se estivessem sempre a ser observadas. Até a sua casa é um palco.
Centro
Todo mundo pode de facto ser um palco, e é fácil de se sentir no centro do mesmo.
O centro de foco social não brilha em nós da forma brilhante que pensamos que brilha.
Sê quem és e diz o que sentes, porque os que se preocupam com isso não interessam e os que interessam não se preocupam com isso.
Tornar-se consciente da própria perspetiva libera-te dela.
“Os media” são consistentemente acusados de serem parciais, mas nunca inclinados a favorecer os que fazem as acusações.
As pessoas têm tendência a exagerar ao ponto de outros pensarem, acreditarem e pensarem como eles.
Conhecimento é uma maldição porque a partir do momento em que o temos, não conseguimos imaginar como é não ter.
Efeito de lente
Alguma vez tentaram pedir direções rodoviárias a uma pessoa local?
Tappers estimou que os ouvintes identificariam a canção corretamente, em média, 50 por cento das vezes. Na realidade, os ouvintes adivinharam corretamente apenas 2.5 por cento das vezes.
O problema do efeito de lente afeta qualquer um que tem um conhecimento único sobre algo: O chefe que compreende por dentro e por fora uma proposta e tenta passar as ideias a um novo cliente; o inventor que sabe precisamente porque é que a sua invenção é tão importante, a falar com um impaciente investidor de capitais de risco, ou o colega que “só esta a picar” o novo colega que nada sabe sobre as intenções amigáveis do mesmo. O problema do perito é assumir que o que é claro na sua mente se torna mais óbvio a outros.
Julgar
Considera como seriam julgados por alguém a ver a sua fotografia.
Saber como se é visto através dos olhos de outros requer olhar para si mesmo através das mesmas lentes que os outros.
Entendimento
Meios ambíguos como email ou SMS e Twitter são solo fértil para maus entendimentos.
Os que recebem as mensagens, no entanto, só conseguem perceber as intenções de quem envia quando este fala com eles ao telefone. Quem envia consegue ouvir o sarcasmo a pingar da sua voz independentemente de usar voz ou texto teclado com os dedos. Os que recebem a mensagem, obviamente, conseguem ouvir o sarcasmo apenas através da voz do remetente e não ouvem nada vindo dos dedos do mesmo.
Deus e crenças
Crentes podem ser ainda mais egocêntricos quando tentam raciocinar sobre a sua crença em Deus do que quando tentam raciocinar sobre as crenças de outros.
Se Deus é a bussola moral, então a bússola parece propensa em apontar os crentes na direção em que já estão voltados.
Políticos falam sobre o que “o povo” quer: as crenças do próprio.
Membros diferentes
Não se pode julgar outra pessoa enquanto não se tiver andado nos sapatos dela por uma milha. É ouvido com tanta frequência porque o conselho é ignorado rotineiramente – pelos ricos que fazem dos pobres calões e incompetentes; O sóbrio que julga os viciados como fracos e imorais; e os felizes que não conseguem compreender porque é que os deprimidos simplesmente não estalam os dedos e saem da depressão.
Aprende que alguém é membro de um grupo diferente que nós, e troca-se o egocentrismo por estereotipação como explicação acerca da mente dessa pessoa.
Liberais favorecem uma distribuição mais justa e imparcial do que os Conservadores, mas quanto mais? A diferença entre eleitores presidenciais democratas e republicanos foi de apenas 3.5 por cento. Esperando uma diferença de 40 por cento entre ricos e pobres que foi na realidade de apenas 3 por cento.
Pensar
Como é que cérebro pensa em grupos de algo: ao invés de lembrar os detalhes exatos, é extraído a “ideia ou essência” da informação. A “ideia” de um grupo não são os seus membros individuais, mas sim a sua média.
As mulheres tendem a pensar que os homens são mais sexistas do que na realidade são, exagerando as diferenças entre homens e mulheres.
Onde os estereótipos erram: ao obter pouca informação, ao definir grupos pelas suas diferenças, e ao serem incapazes de observar as verdadeiras causas diretamente sobre as diferenças de grupos.
Estereótipos
Cada um de nós vê apenas uma pequena fatia da população do mundo, ouvimos apenas furtivamente bocados de indícios altamente seletivos provenientes de fontes de notícias ou outras fontes, e falamos apenas com um pequeno grupo de amigos com mentes/ideias geralmente idênticas as nossas.
Estereótipos acerca de grupos maioritários também parecem ser mais precisas que estereótipos sobre grupos minoritários, simplesmente porque grupos maiores fornecem mais prova observacional do que grupos mais pequenos.
Quando se vai fazer uma viagem, muita da experiência envolve fazer a mesma coisa por longos períodos de tempo – voar, conduzir, dormir, ficar em pé, esperar, andar – mas a história que contamos posteriormente aos amigos é só apenas sobre as coisas diferentes que experienciamos.
Definimo-nos pelos atributos que nos fazem diferentes.
Um homem que afirma estar à procura de si próprio está à procura de um sentimento de distinção.
Considerando o estereótipo comum de que as mulheres são mais emocionais que os homens: Homens e mulheres, a verem a mesma cena emocionalmente evocativa, demonstram a mesma reação emocional, em média, com a mesma intensidade.
Onde homens e mulheres diferem é na expressão exterior das suas emoções, com as mulheres a serem mais expressivas que os homens. Mas quando as pessoas observam estes homens e mulheres, deduzem que as mulheres sentem mais emoções do que os homens, porque mostram mais emoções que os homens.
Diferenças entre sexos
Existem diferenças reais entre o que os homens e mulheres querem, mas existem ainda mais semelhanças.
Aqueles que escrevem sobre sexo/género estão mais atentos às diferenças do que as semelhanças.
As diferenças entre homens e mulheres são bem maiores que as diferenças entre homens e mulheres (nota do tradutor: creio que existe 1 erro neste paragrafo no texto original. Não aparenta ter lógica).
Política
Considerando a política: as pessoas em cada lado oposto de um tema assumem consistentemente que o outro lado é mais extremo do que na realidade é. Verdadeiro partidarismo aumenta em parte devido ao partidarismo imaginado do outro lado. Israel e o Egipto estavam em disputa pela posse da península de Sinai em 1976. Ao invés de lutarem uma batalha sem vencedores, os dois lados juntaram-se e perceberam os interesses de cada lado. Israel queria segurança e o Egipto queria soberania. Os Israelitas não queriam a península de Sinai; apenas queriam não ser atacados a partir de lá. A solução alcançada em Camp David foi de devolver a terra ao Egipto e criar uma banda desmilitarizada ao longo da fronteira. Israel obteve a sua segurança e o Egipto a sua terra.
Quando grupos são definidos pelas sua diferenças, as pessoas pensam que têm menos em comum com as pessoas de outras raças ou crenças ou sexos do que na realidade têm.
Ignorar as diferenças reais nos grupos é um erro igual ao de as exagerar.
Os mais velhos podem-se comportar de forma diferente dos mais jovens, negros diferentemente dos brancos, mulheres diferentemente dos homens, devido aos estereótipos sobre estes grupos e não à presença de diferenças inerentes.
Inteligência
Quem faz a pergunta, pergunta questões difíceis e, por isso, parece inteligente.
O contestante responde incorretamente, e por isso, parece burro. Isto é o preconceito correspondente, inferir uma mente que corresponde às ações observadas.
Senso comum infere que os jogadores são de intelectos diferentes, em vez de inferir que estão em campos de jogo diferentes.
Aqueles que vivem em culturas coletivistas e os que são geralmente mais preocupados com as normas sociais e harmonia interpessoais (tal como no sudeste Asiático) são, em termos gerais, mais propensos a reconhecer quando as ações das pessoas refletem o que os seus cargos e ambientes os obrigam, comparativamente a pessoas que vivem em culturas que dão enfâse à liberdade pessoal e escolha pessoal.
A maioria das pessoas confia no que outros lhes dizem mesmo se lhes estiverem a mentir.
A dificuldade do comportamento incrédulo que acreditamos naturalmente.
Mal interpretar o poder do contexto pode levar ao desenho ineficiente de soluções para problemas importantes. Se a nossa intuição nos diz que as pessoas fazem o que querem, então um caminho para mudar o seu comportamento é obvio: é preciso fazer que as pessoas queiram fazer as coisas corretas.
Comportamentos
Furacão Katrina: “Temos de descobrir uma maneira de convencer as pessoas que quando um aviso é lançado, é para o seu próprio bem”. Na mente de Brown o principal problema era que as pessoas não queriam sair, e, portanto, a solução será persuadi-las mais eficazmente da próxima vez. Esta solução poderá criar um melhor sistema de aviso que pode deixar o mesmo número de pessoas sem ajuda da próxima vez. Muitos dos que ficaram queriam desesperadamente ir embora, mas não podiam. Não precisavam de ser convencidos, precisavam de um autocarro. Podem ser vistos os filhos deste erro em muitas intervenções bem-intencionadas. Os pobres a fazerem escolhas financeiras insensatas? Lance-se um programa de literacia financeira para fazer as suas mentes mais espertas.
É muito mais eficaz, para mudar um comportamento, focar no contexto mais amplo do que em mentes individuais, tornando mais fácil para as pessoas fazerem o que já queriam fazer. Para evitar que as pessoas façam lixo na rua, adicionam-se mais caixotes de lixo, e recolhe-se o lixo existente, que caso contrário faz parecer que toda a gente faz lixo.
Ferramentas
Pagar a professores e estudantes por uma performance melhorada foi totalmente ineficaz.
Assumir que a mente da pessoa corresponde diretamente às suas ações, falha o importante contexto de dar forma ao comportamento.
Com o aumento de espectadores, a probabilidade de que um deles preste ajuda na realidade diminui. O número ideal poderá ser dois: um para ajudar e outro para chamar uma ambulância.
As ferramentas ao dispor da nossa intuição são heurísticas simplificadas que dão uma compreensão imperfeita sobre a mente de outros. Os erros a que levam criam erros previsíveis que nos impossibilitam de perceber perfeitamente.
Fornece atalhos simples para compreender a mente de outros, com o custo de uma compreensão demasiado simplificada.
Depois de referir que estou a trabalhar num livro sobre leitura da mente, o meu parceiro de conversa assume que estou a escrever sobre linguagem corporal (aprender a ler expressões faciais ou gestos físicos) ou sobre perspetiva tomada (aprender a imaginar-nos na situação de outros). Qual abordagem, a prova científica que suporta? Nenhuma delas.
Podes subscrever a minha newsfeed aqui.
Também poderás gostar de ler: Forty Tales From The Afterlives, de David Eagleman