Respirar para principiantes – Parte 1/2

Tempo de leitura: 4 minutos

Será que sabes respirar?
A respiração é a ponte que liga a vida à consciência, que une o corpo aos pensamentos. Sempre que a sua mente se dispersa, utilize a respiração como um método para dominá-la novamente.Thich Nhat Hanh, O Milagre do Mindfulness
Nilch’i pode traduzir-se para português como “ar, vento ou atmosfera”, mas para o povo Navajo quer dizer Vento Sagrado, Espírito Santo, até mesmo o Criador Supremo que dá vida, pensamento, fala e movimento a todos os seres vivos, atuando como elo de comunicação entre todos os elementos do mundo vivo. Obviamente, nenhuma tradução em português pode expressar com exatidão as profundezas da filosofia navajo.
No início, segundo a tradição, os Ventos Sagrados passavam através dos corpos de homens e criaturas, desenhando as linhas nos dedos e cabeças dos seres humanos e nos corpos dos animais. Desde então, o Vento tem dado força a homens e criaturas de todo o tipo. O Vento foi a primeira fonte de alimento da criação, e deu movimento e mudança à natureza, concedendo vida a tudo o que existe, até mesmo à paisagem, às montanhas e à água.
Na Índia, os ventos que circulam através dos nossos corpos recebem o nome de pranas. Vayu é a divindade hindu conhecida como o senhor dos ventos ou “a respiração”. As pranas mais conhecidas são aquelas que controlam a nossa inspiração e expiração, através das quais substâncias vitais são trazidas para os nossos corpos, enquanto as nocivas são expulsas.
Neste momento, você flui perfeitamente no cosmos. Não há qualquer diferença entre a sua respiração e a respiração da floresta tropical, entre a sua corrente sanguínea e os rios do mundo, entre os seus ossos e os penhascos brancos de Dover. Deepak Chopra, O Livro dos Segredos: Desvendando as Dimensões Ocultas de Sua Vida
Porque é que trago estes exemplos?
Gostaria de mostrar que os nossos ancestrais acreditavam que o ato de respirar era inseparável do sopro do vento ou da ondulação das árvores.
Eles conheciam o vento, o ar enquanto a nossa força vital; é o fluxo da natureza, o poder que origina todas as coisas. É por isso que cada cultura tem uma prática de oração, meditação ou autorreflexão na qual respirar profundamente é muitas vezes o foco. Esses momentos de reflexão permitem que as pessoas se recentrem e apreciem a brisa natural da vida.
Contudo, no mundo ocidental, esquecemo-nos da natureza sagrada e intocável da respiração e do corpo. Ao invés, agrilhoamo-nos exclusivamente às armadilhas da nossa própria mente, concentrando toda a nossa energia na cabeça, negligenciando o resto do corpo. Isto deve-se parcialmente ao nosso estilo de vida sedentário, onde o corpo apenas executa um movimento: direcionar a cabeça para o ecrã do computador.

Será que sabemos mesmo respirar?

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