The Antidote, de Oliver Burkeman

Titulo do livro em EN: The Antidote: Happiness for People Who Can´t Stand Positive Thinking
Titulo do livro em PT: (não encontrado)
Nome do Autor: Oliver Burkeman
A minha pontuação: 4 de 5 estrelas
Data da publicação: 13 de novembro de 2012

Tempo de leitura: 12 minutos

Autoestima

O resultado que procuramos evitar é exatamente aquele ao qual nos sentimos mais atraídos. É como não pensar num urso branco.
Aqueles que começaram o processo com uma autoestima baixa tornaram-se menos felizes como resultado de dizerem a eles próprios que são pessoas amáveis. Eles não se sentiam amáveis à partida – e tentar convencerem-se do contrário apenas solidificou a sua negatividade. “Pensamento positivo” fê-los sentirem-se pior.

Estoicismo

Estoicismo, que foi criado na Grécia e amadurecido em Roma, não deve ser confundido com “estoicismo” usado comummente nos dias de hoje – uma resignação cansada e pouco reclamada. O Estoicismo verdadeiro envolve o desenvolvimento de um certo tipo de calma muscular quando de frente a circunstâncias complicadas.

Gastar tempo e energia a pensar o quão bem as coisas podem correr reduz, aliás, a motivação das pessoas em atingi-las. Elas confundem visualizar o sucesso com a obtenção concreta deste.

Troca para uma visualização negativa, e começa a focar-te em todas as formas que poderão fazer as coisas correr mal.

A tranquilidade não era suposto ser atingida ao perseguir vigorosamente boas experiências, mas ao cultivar o tipo de indiferença calma em relação às circunstâncias. Uma forma de fazer isto, afirmavam os Estoicos, era ao virares-te para emoções e experiências negativas; não tentar afastá-las, mas examiná-las em vez disso.
A maioria de nós, apontam os Estoicos, passamos pela vida sob a ilusão que são certas pessoas, situações ou acontecimentos que nos deixam tristes, ansiosos ou zangados. Mas nada fora da tua cabeça pode ser propriamente considerado positivo ou negativo. O que cria sofrimento realmente são as crenças que guardas sobre as coisas.

O que faz com que pensar na possibilidade de coisas como fome extrema ou exposição a condições extremas, seja tão stressante? As crenças que guardas sobre as desvantagens da morte.

Felicidade

Um dos maiores inimigos da felicidade humana é a adaptação hedónica.
Pensar na possibilidade de perder algo que valorizas tira essa coisa do fundo da tua vida e mete-a no palco central, onde pode oferecer mais uma dose de prazer.
Re-asseguração pode até exacerbar a ansiedade; quando voltas a assegurar o teu amigo que o pior cenário que ele teme não vai acontecer, vais inadvertidamente reforçar a sua crença de que seria catastrófico essa coisa acontecer.
Se a tua estratégia para a felicidade depende na modulação de circunstâncias à tua vontade, são péssimas notícias: a melhor coisa que podes fazer é rezar para que não aconteça tanta coisa de mal e tentares distrair-te quando de facto acontecer.
Um Estoico que se visse numa relação abusiva, não seria de esperar que aguentasse estar nela, e seria certamente melhor agir para deixar essa relação.

É tudo muito indesejável, mas não horrífico, e não vale a pena insistir no universo para cair na linha dos desejos de alguém.

Meditação

A Meditação tem pouco a ver com atingir um certo estado de espírito, não importa o quão calmo ou feliz.
Viver despegado é sentir impulsos, pensar pensamentos e viver experiências sem ficar agarrado a narrativas mentais acerca do que poderia ter sido, ou nunca poderia ter sido, ou devia ficar assim para sempre. O Budista perfeitamente despegado seria simples e calmamente presente, e consciente sem julgar.
Apego a uma versão específica de uma vida feliz, enquanto se luta a possibilidade de uma infeliz, é a causa do problema, não a solução.
Não tinha nada a ver com êxtase – ou até calma, como a palavra é muitas vezes compreendida; e certamente não tinha nada a ver com pensamento positivo. Tinha a ver com o significantemente maior desafio que era recusar estas coisas.

“Sem chão” é aliás, a situação de toda a gente, a toda a hora, quer gostem quer não. O que acontece é que alguns de nós não conseguem relaxar na presença dessa verdade e freneticamente tentam negá-la.

Rotina

Às vezes tu não podes simplesmente fazer-te sentir vontade de agir. Tomar uma postura desapegada: Quem diz que precisas de esperar até teres vontade de fazer algo para o fazeres? Aceita esses pensamentos de procrastinação e age na mesma.
Rotinas de trabalho de autores e artistas prolíficos – pessoas que realmente conseguem fazer as coisas – raramente consideram técnicas de motivação. Muito pelo contrário: eles tendem a enfatizar as mecânicas do processo de trabalho.
Não conseguimos tomar decisões sem mudarmos o nosso estado dos sentimentos.

OS alpinistas do Evereste foram atraídos à destruição por causa da sua paixão pelos objetivos. Quanto mais fixados ficam na meta, mais o objetivo se torna não só um alvo externo, mas parte das suas identidades. Provas negativas são reinterpretadas como uma razão para investir mais esforço e recursos na busca do objetivo. E aí as coisas dão ainda mais errado.

Ansiedade

O Estudo dos Objetivos de Yale nunca aconteceu.
Defrontados com a ansiedade de não saber o que o futuro guarda, investimos ainda mais na nossa visão preferida desse futuro – não porque nos ajuda a atingi-lo, mas porque nos ajuda a deixar os sentimentos de incerteza no presente.
Considera qualquer decisão importante que já tomaste da qual te arrependeste: sentiste a dor de barriga da incerteza; depois, tendo tomado uma decisão, esses sentimentos passaram? Se sim, isso aponta para uma possibilidade problemática de que a tua motivação principal ao tomar uma decisão não é uma consideração racional acerca do bem que essa decisão traz para ti, mas simplesmente uma necessidade urgente de te livrares do sentimento de incerteza.
Como uma rã: Devias meter-te ao sol num nenúfar até te aborreceres; a seguir, na altura certa, devias saltar para um nenúfar novo e ficar lá até te aborreceres. Continuar a fazê-lo vezes sem conta, na direção que te parece bem.

A Matriz é essencialmente uma meditação do século vinte nas visões do século dezassete de Descartes.

Pensamento

Não existe um centro no cérebro onde todas as coisas convergem.
Imaginamos ser um fluxo ativo de pensamento.
Tenta perguntar-te se tens algum problema no momento. A resposta, a não ser que estejas com dor física neste momento, é provável que seja não. A maioria dos problemas envolve pensamentos acerca de como algo pode correr mal no futuro, ou pensamentos sobre coisas que aconteceram no passado.
Ajudar outras pessoas é uma estratégia muito mais viável para a felicidade do que focares-te apenas em ti mesmo.
Para cada exterior, há um interior, e para cada interior, há um exterior, e apesar de diferentes, eles existem juntos.
O “eu” é melhor ser pensado como algum tipo de ficção, uma bem útil.

Uma grande quantidade de atividade humana é motivada pelo desejo do sentimento de segurança.

Insegurança

Ao virar-nos para a insegurança podemos compreender que a segurança por si mesma é um tipo de ilusão – e que estamos enganados, desde sempre, acerca do que era o que estávamos a procurar.
As pessoas sempre acreditaram que vivem em tempos únicos de insegurança.
Muitas das formas que tentamos para nos sentirmos seguros não nos deixam felizes no fim.
Nós protegemo-nos de perigo físico ao mudar-nos para bairros mais seguros, mas os efeitos disto na vida em comunidade têm um efeito negativo nos níveis coletivos de felicidade. Procuramos realização nas relações amorosas e amigáveis, mas procurar demasiada segurança nas relações prejudica-as.
Amar tudo é ser vulnerável. Ama o que quer que seja e vais partir o coração muito provavelmente. Se queres ter a certeza que não o quebras, não o podes dar a ninguém.

Quanto mais tentas evitar sofrimento, mais sofres, porque as coisas mais pequenas e insignificantes começam a torturar-te.

Muralhas

Tornar-se um Budista é sobre ficar sem abrigo.
Pessoas a viver em condições extremamente frágeis parecem menos depressivas e muito mais funcionais.
Dinheiro: se não o tens, é muito mais difícil investires emocionalmente nele. O mesmo para empregos de prestígio, posses materiais, ou qualificações educativas impressionantes.
Procurar segurança é tentar remover-te da mudança, e por isso remover-te da coisa que define a vida.
Nós construímos muralhas para manter o inimigo fora, mas é a construção das muralhas que faz aparecer o inimigo.

Insegurança: outro nome para vida.

Nós vamos fazer tudo para contar uma história de sucesso das nossas vidas.
Empreendedores de sucesso possuem perseverança e capacidades de liderança. O que é menos óbvio, e muito menos aborrecido – é o que o orador se esqueceu de mencionar: é que essas características também estão presentes nas pessoas que têm pouco sucesso também.

As nossas conversas sobre sucesso são sempre vítimas de pouca amostra no insucesso. Não ouves discursos ou lês autobiografias de pessoas que não temiam o medo e acabaram por falhar na mesma.

Vulnerabilidade

A vulnerabilidade revelada pelo insucesso pode nutrir empatia e senso de comunidade.
Reduz o terror induzido pelo mero pensamento da morte. Teres medo de estares morto não faz sentido. Não olhas para trás com medo de como estavas antes de nascer.
Vive uma vida impregnada de consciência do seu término, e podes esperar que ela termine de uma maneira semelhante à que Jean-Paul Sartre esperava: “silenciosamente … com a certeza de que a última força do meu coração estaria inscrita nas últimas páginas do meu trabalho, e que a morte apenas levaria apenas um homem já morto.”
Imagina que tens oitenta. Completa as frases “Gostava de ter passado mais tempo a…” e “Gostava de ter passado menos tempo a…”

Imaginar os piores cenários é uma das minhas maiores fontes de consolo na vida.

–REF:
Albert Ellis, que fez mais do que qualquer outra pessoa para restaurar o Estoicismo à frente da psicologia moderna.

Fórum Estoico Internacional, um quadro de mensagens na internet. O Doutor Keith Seddon, um tutor de cursos de correspondência em Estoicismo.

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