2 Vidas

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“Não podemos continuar juntos se desconfiamos mutuamente” – Elvis Presley
“Eu consigo separar muito bem a minha vida pessoal e profissional”, diz-me ele.
Ok. Então quer dizer que tens duas vidas?
O que fazes na tua vida pessoal?
Adoro os fins de semana e os 22 dias úteis de férias que me dão anualmente. Na minha vida pessoal sou eu próprio. O Tozé descontraído que a minha família conhece tão bem. Amigo do seu amigo. E sempre pronto para ajudar. Digo o que penso sem máscaras. Estou sempre a brincar e a dizer piadas. Gosto de andar descontraído de calções e t-shirt sem mangas.
Normalmente estou neste estado das 6 da tarde às 9 da manhã, mais fins-de-semana.
O que fazes na tua vida profissional?
Festejo as sextas-feiras. Detesto as segundas-feiras. Adotei uma postura mais yang para me poder defender e não me julgarem assim tão facilmente. Essa máscara protege-me de problemas e complicações que possam aparecer (como ser despedido, por exemplo). Respeito, mas gosto também que me respeitem. A partir do momento que não me respeitam, então faço-lhes a folha. Estão lixados comigo. Ando de fato porque me obrigam. Até uma cláusula no contrato tenho para que isso aconteça.
Normalmente estou neste estado das 9 da manhã às seis da tarde, excluindo fins-de-semana.
Muito da população mundial vive estas duas vidas. Viver assim é viver em sofrimento. Viver preso e sem luz. Sem liberdade. Viver assim é viver em extremos.
Por constatação, é impossível viver nos extremos. Quanto tempo um pêndulo consegue estar num extremo? Apenas um momento. Quanto tempo um pêndulo consegue viver centrado e em descanso, sem esforço? Indefinidamente.
Dentro da área científica da física, teoricamente falando, quanta energia gasta um pêndulo para chegar de um extremo ao outro? Imensa. Quando energia gasta um pêndulo centrado e em descanso? Zero. Basicamente, gastamos imensa energia diariamente para ir de um extremo ao outro. Porquê? Para quê?
Tu já sabes a resposta. Todos nós sabemos a resposta. A quê? Só tens uma vida. Não tens uma vida profissional nem uma vida pessoal. Tu não és o objeto, és o que constata. E por constatação se tens duas vidas estás em sofrimento e a gastar uma energia tremenda. Desnecessariamente. Tens uma e uma só vida.

Vida não é algo que tens. Quanto mais duas. Vida é algo que se vive. Só temos que constatar que a vida é um presente, e esse presente é o fluxo de acontecimentos que constatas entre a tua primeira inspiração e última expiração.

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