Titulo do livro em EN: Sum: Forty Tales From The Afterlives
Titulo do livro em PT: (não encontrado)
Nome do Autor: David Eagleman
Link para livro: https://www.goodreads.com/book/show/4948826-sum?
A minha pontuação: 3/5
Data da publicação: 10 de fevereiro de 2009
Tempo de leitura: 12 minutos
O que é
Esta é uma peça para pensar (ou que dá que pensar) incrivelmente criativa.
40 histórias curtas ficcionais sobre o que acontece depois de morrer, e que reflete sobre a vida e morte. A estrutura é inspiradora para qualquer um: inventar (ou pensar em) 40 respostas diferentes para qualquer pergunta.
Mas são também ideias brilhantes e poderosas pequenas fábulas. Acabei de ler pela segunda vez e agora gosto ainda mais.
As minhas notas:
Morte
Existem 3 mortes:
A primeira é quando o corpo deixa de “funcionar”.
A segunda é quando o corpo é consignado à sepultura.
A terceiro é aquele momento, algures no futuro, quando o seu nome é dito pela última vez.
Muitas pessoas partem quando os seus entes queridos chegam, visto estes últimos serem os que se lembravam deles. (nota do tradutor: o “chegar” deve ser visto como uma referência à vida depois da morte. A frase traduzida não faz muito sentido).
Ele espera com tristeza (ou dor no coração) pela queda das suas estátuas.
E isso é a maldição deste quarto: visto que vivemos na memória dos que se lembram de nós, perdemos controlo das nossas vidas e passamos a ser o que eles querem que sejamos.
Deus
O que chamamos Deus é na realidade um casal casado. Quando eles decidem criar humanos à sua imagem, comprometem e fabricam aproximadamente números iguais de ambos os sexos.
Certas noites quando se sentem liberais, cada um cria um membro do sexo oposto, só para ver como é.
Eles decidem que é mais fácil construir máquinas capazes de supercomputação devotas a encontrar as respostas.
Investiram então o trabalho de dezenas de gerações de engenheiros.
Nós somos as suas máquinas.
Isto pareceu uma estratégia inteligente aos anciões da sua comunidade.
No entanto não repararam num problema: para construir uma máquina mais esperta que tu, a mesma tem de ser mais complexa que tu – e a capacidade de compreender a máquina começa a escapar.
Motivação
As tuas fantasias amaldiçoaram as tuas realidades.
O fim da morte é a morte da motivação.
Demasiada vida, parece que é o ópio das massas.
Há um declínio notório no que é atingido.
As pessoas fazem mais sestas. Não há grande pressa.
Criação
O talento dos teus criadores é só esse: Criação – mas eles não estão envolvidos com a observação e julgamento das nossas ações, como assumimos anteriormente que estavam.
Os Criadores não observam estes detalhes e as nossas vidas seguem o seu rumo.
Eles não sem importam minimamente.
Tu
O Tu de oito anos de idade tem menos em comum do que esperado com o Tu de trinta e dois do que o Tu de trinta e dois anos tem com o de sessenta e quatro.
O Tu de 18 anos sente que tem mais em comum com outro de 18 anos do que tem com o Tu de 73 anos.
O Tu de 73 anos não se importa minimamente, procura apenas conversa com significado com outros da mesma geração.
Além do nome, os dois Tu têm pouco mais em comum.
Átomos
Quando se morre, é-se lamentado por todos os átomos que nos compunham.
Estiveram juntos durante anos, seja em camadas de pele ou comunidades de baço.
Com a nossa morte, eles não morrem. Ao invés, eles separam-se e distanciam-se em direções separada, de luto pelo tempo que partilharam, assombrados pelo sentimento de que noutra hora fizeram parte de algo maior que eles, algo que tinha a sua própria vida, algo que eles não sabem bem o que era.
Rivalidade
Existe parca competição entre Deuses.
Rivalidades invejosas abundam porque o que está em risco é mínimo; os deuses não são grandes e poderosos e sabem disso.
Então fazem o seu melhor para se destacarem e serem ouvidos.
Amigos
Alguns dos humanos tentam alcançar um amigo entre hordas inúmeras, via chamada telefónica.
Olhando sobre o volante, cada humano sente as intensidades de alegria e tristeza como se fossem os únicos exemplos reais no mundo.
Empatia
Entre todas as criaturas da criação, os Deuses favorecem-nos: nós somos os únicos que conseguimos ter empatia para com os seus problemas.
Genes desdobram-se, proteínas florescem, sinapses reorganizam-se.
Tudo isto bem abaixo da tua perceção – tu carregas apenas a “caixa do cérebro” sem conhecimento do que se passa lá dentro.
Após vida
No após vida podes desfrutar de todas as possibilidades ao mesmo tempo, vivendo múltiplas vidas em paralelo.
“Isto”, dizes ao anjo, “é demasiado trabalho”.
“Talvez te possamos acostumar com uma situação mais simples”, ele considera.
“Que achas de estar fechado num quarto apenas com o/a teu amante?”
E depois estás aqui.
Estás simultaneamente em conversa com ela e a pensar sobre outra coisa.
“Obrigado”, dizes ao anjo, “a isto estou habituado”.
Embora acreditemos Deus por ter feito o desenho do homem, parece que Deus não tem o talento suficiente para o ter feito. Ponto de facto, Ele desintencionalmente derrubou a 1ª peça de dominó.
Os recompensadores originalmente pensaram em oferecê-la como prenda, mas os punidores rapidamente decidiram que podiam usar como uma espécie de aflição, secando o prazer da vida através da revelação da sua natureza mecânica e sem sangue.
Mostrarem-nos os segredos por detrás das cenas tem pouco efeito na nossa experiência.
Os códigos secretos da vida – sejam apresentados como presente ou fardo – são totalmente desapreciados.
Julgamento
Na vida depois da morte somos julgados não relativamente aos outros, mas relativamente a nós próprios.
Especificamente, és julgado contra aquilo que podias ter sido.
O mundo que se segue é muito parecido com o mundo atual, mas agora inclui todos os Tu que podias ter sido.
Eles fizeram escolhas mais espertas, trabalharam mais, investiram o esforço extra em empurrar portas fechadas.
Essas portas eventualmente cederam e permitiram que a sua vida se espalhasse em novas direções coloridas.
Esse sucesso não pode ser explicado por melhor sorte genética; ao invés, eles jogaram melhor as suas cartas.
Nas suas vidas paralelas, eles fizeram melhores decisões, evitaram lapsos morais e não desistiram do amor tão facilmente.
Eles trabalharam mais arduamente que tu para corrigir os seus erros e pediram desculpa mais vezes.
Tu tens pouca simpatia por estes Tu menos significantes e um pouco de arrogância sobre a sua indolência.
“Se tivesses parado de ver TV e saído desse sofá não estavas nesta situação”, dizes tu, quando te dás ao trabalho de interagir com eles.
Mas os melhores Tu estão sempre cara-a-cara contigo na vida depois da morte.
Na livraria vês um deles de braço dado com a mulher afetuosa que deixaste escapar.
Outro procura casualmente entre as prateleiras, passando os dedos pelos livros que realmente escreveu.
E olha este a correr lá fora; tem um corpo bem melhor que o teu, graças a consistência no ginásio que tu nunca mantiveste.
Quanto mais não conseguiste atingir o teu potencial, com mais destes Tu és forcado a lidar.
Verdadeira igualdade:
Os comunistas estão perplexos e irritados, porque finalmente atingiram o objetivo da sua sociedade perfeita, mas apenas com ajuda de um Deus em que eles não acreditam.
Os meritocratas estão envergonhados porque estão presos para a eternidade num sistema sem incentivo com um grupo de pinkos (rosados ??).
Os conservadores não têm pobres para depreciar.
Os liberais não têm oprimidos para promover.
(O céu é apenas as pessoas que conheceste)
A falta de multidões faz-te sentir sozinho.
Começas a queixar-te sobre todas as pessoas que podias ter conhecido.
Mas ninguém te liga ou empatiza, porque isto é precisamente o que tu escolheste quando estavas vivo.
Talvez tu tenhas sido torturado pela enormidade das decisões e responsabilidades que te rodeavam, e agora só há uma coisa que desejas: Simplicidade.
Isso é permissível.
Portanto para a próxima ronda, escolhes ser um cavalo. Tu cobiças a felicidade daquela vida simples.
De repente, por um momento, tu tens consciência do problema de que te esqueceste.
Quanto mais te tornas num cavalo, mais te esqueces do desejo original.
Tu esqueces como era ser um humano que se interrogava de como era ser um cavalo.
Não consegues apreciar o destino sem saber o ponto de partida.
Tu não consegues desfrutar a simplicidade sem te lembrares das alternativas.
E essa não é a pior das tuas revelações.
Apercebes-te que da próxima vez que aqui voltares, com o teu obtuso cérebro de cavalo, não terás a capacidade de pedir para voltares a ser humano.
Não perceberás o que um humano é.
A tua escolha de desceres na escala de inteligência é irreversível.
E mesmo antes de perderes as últimas faculdades humanas, ponderas dolorosamente qual a magnificente criatura extraterrestre, fascinado com a ideia de encontrar uma vida mais simples, que escolhe na ronda final tornar-se humano.
Bravura
Não é o bravo que consegue lidar com a grande face, é o bravo que consegue lidar com a sua ausência.
Tu eras muito melhor a ver a verdade sobre os outros do que eras a ver sobre ti.
Portanto navegaste na tua vida com a ajuda de outros que sustentaram espelhos para ti.
As pessoas louvaram as tuas boas qualidades e criticaram os teus maus hábitos, e essas perspetivas, que muitas vezes te surpreenderam, ajudaram-te a guiar a tua vida.
Deus disse, “O respeito que em que outrora dominei está a desmoronar. Portanto vim aqui pela mesma razão que doutores usam uniformes de batas brancas e compridas. Eles fazem-no para teu benefício, não para o deles.”
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